sábado, 14 de fevereiro de 2009

CONTRADIÇÕES

Se um dia eu voltar novamente a me olhar no espelho, eu quero ser outro ser.
Mais aberto, menos melancólico.
(Nem falo de felicidade, não tenho essas pretensões absurdas).
Não sei o que procuro, nem se procuro. Mas não estou satisfeita com o rumo da vida. Acho que ela nunca muda, ou muda tanto que não parece.
Não sei. Na verdade, nunca sei.

Acho que o mundo não alcança o meu desenvolvimento, ou eu não me desenvolvi o suficiente para entendê-lo, pode acontecer. Tudo é possível, tia Rafa.
Hoje eu vou sair e tirar a roupa. Mostrar-me aos outros para que eu possa me mostrar a mim mesma. Talvez eu me perca, talvez eu me encontre, mas é necessário correr riscos.

Eu quero uma transição.

Um comentário:

Octaviano disse...

sobre contradições e nudez

fico pensando naquilo que você tem dentro,
o caroço do abacate que mora em você
e que trás em si um pequeno embrião:
vida, vida latejando pra acontecer,
a sombra frondosa da arvore já antevista no seu olhar, no seu sorriso

fico pensando em como regar, manter úmido, manter brilhante o riso
não deixar morrer de sede,
afastar as pedras,
o sol árido, tapar
garantir a sombra,
os galhos pra dependurar um balanço
o vento gostoso

lembro que são as mesmas pedras,
lembro que é a mesma aridez do sol
que faz o ser
que rega
mantêm úmido
germina o caroço, transforma árvore,
a transição,
torna possível a sombra.
eis o esterco,
do olhar, do sorriso...

já notou como um pé de abacate é um mundo:
quanta vida ao seu redor, quanto abrigo;
nunca tinha percebido como o mundo precisa tanto de abacates.