domingo, 15 de março de 2009

A MINHOCA

Em uma movimentada Rua de Belo Horizonte, deparei-me com uma minhoca Isso mesmo! Uma minhoca! Já havia quase me esquecido que no mundo pós-moderno ainda existiam minhocas!

Ao invés de chamá-la de minhoca, seria mais gentil de minha parte tomá-la por minhoquinha. Tanto pelo seu tamanho (no máximo 2cm) , tanto por sua fragilidade e talvez pelo pequeno e instantâneo contado afetuoso que tivemos.

Devo dizer que a tomei como exemplo de vida e existência. Os transeuntes iam seguindo suas vidas, dando seus passos e nos momentos em que eles quase matavam minha amiga minhoca, ela esquivava-se ora para frente, ora para o lado, ora para trás, e ia vivendo assim, tentando viver em meio ao caos.

Minhoca danada! Ela queria viver. Mesmo que correndo riscos, mesmo que perto da morte, mesmo na sua pequenez diante do mundo. Cheguei quase a ter inveja de sua coragem.

No meio dessas reflexões, fui interceptada por uma dessas moças que vendem cartõezinhos de 1,50 e a perdi da minha vista. Quando já me preparava para o poço das lamentações existenciais de não se apegar, de ser responsável por aquilo que cativas e outras tantas costumeiramente repetidas por mim, eis que meu ônibus surge correndo e correndo me enfio dentro dele.

Posso até ter pisado na minhoca! Mas que diferença faz? Somos mestres do esquecimento, as coisas são importantes porque estão presentes, no momento que saem de nossa vista, saem de nossa vida e eu já não precisava mais dela para sobreviver.

3 comentários:

Oscar Kurusú disse...

Boa reflexão, digo, boa percepção a la Manoel de Barros. A beleza salva, quantas "coisas insignificantes" vamos pisando na vida. Saudações.

Natália Barud disse...

Não são poucas as “maravilhas” que pisamos ou simplesmente deixamos passar por nossas vidas.
È um exercício constante o “não esquecimento” dos seres.
Talvez escrever seja uma forma de eternizá-los em nossa memória...

Unknown disse...

sParabéns pelo seu blog!
Seus textos são de uma delicadeza incrível.
Não deixe de postar textos novos!
Me tornei uma freqüentadora assídua do seu blog.
Abraços.