Hoje a princesinha suburbana está emputecida com a vida. Resolveu voltar a ser gatinha manhosa, depois que percebeu que ser gatinha comedida não dá certo e não faz sucesso na sociedade.
Hoje ela constatou que os gatos e o mundo cheiram mal. E não há como não contribuir com esse fedor. Fede-se junto também.
Hoje ela teve vontade de matar uma árvore e qualquer pseudo-ambientalista que ousasse impedir. Ela queria matar algo para que algo pudesse crescer dentro dela.
Hoje a nossa pequena princesinha sem luxo percebeu que dinheiro faz falta, e que a falta dele dá depressão. Que o mundo das utopias não existe mais (se é que existiu) e que a cada dia que passa os níveis da desigualdade social e intelectual só tendem a aumentar.
Hoje ela quer espalhar o lixo pelo chão, para deixar de ser princesa e assumir seu lado madrasta. Ela quer uma mudança de valores, para ver se algo de substancial muda em sua vida.
Hoje ela percebeu que não existem príncipes encantados, e os homens que se fazem passar por príncipes não trazem flores, trazem o veneno.
Ela bem que tentou ter fé na existência de um mundo real, mas a concretude da vida a fez desistir. Ela começou a criar planos imaginários, porque percebeu que viver é um saco pequeno. Ela entendeu que viver sem romantizar a vida com sexo, bebedeira, amores impossíveis e drogas ilícitas é impossível continuar neste mundo.
Mas ela precisa sobreviver, precisa acreditar que o sol vai nascer amanhã e tentará dar alguma ordem para o caos que é a existência. Mesmo sabendo que é impossível, a princesinha vai fingir que entendeu o recado, se iludir e continuar a ser infeliz para sempre.
Um comentário:
"Nós gatos nascemos pobres... porém, nascemos livres!"
Será que a gata, princesinha suburbana, concorda com a falácia do sinhôzinho Buarque de Amsterdã?
Somos livres para consumir... Consumimos até os sentimentos! Triste... mui triste!
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